Uma questão de solidariedade?

Ora bem eu tinha umas coisas para dizer por causa da cena que se passou ontem no bar, mas fica para o próximo post.
Neste post vou falar em algumas situações que me aconteceram onde poderá ou não implicar uma questão de solidariedade, vou descrever 3 situações, desde a que menos me marcou e por fim a que me marcou muito.

1ª Situação: Estava no parque de merendas, junto da minha família, quando um senhor de péssimo aspecto mesmo e com o imenso calor que estava nos veio dizer que estava com muita sede, se não arranjávamos nada para ele beber, nós dissemos que tinhamos ali água e que até estava fresca, um garrafão de 5l, qual não foi o nosso espanto quando ele perguntou se não tinhamos vinho, nós dissemos que sim mas que tava no carro, numa arca frigorífica e imagem, o senhor disse «- Obrigado, então deixe estar.» e eu levantei-me da mesa e disse «- Realmente o senhor tinha muita sede, com o calor que está e em vez de aceitar aguá fresca, prefere enfrascar-se nalguma bebida alcóolica que uma alma caridosa lhe dará!». Seria falta de solidariedade da minha parte não ir buscar ao carro a garrafa de álcool?!

2ª Situação: Esta devo dizer que me marcou imenso mesmo. Fui a ultima vez que fui à Feira de Março em Aveiro, estávamos a passear e deparámo-nos com um menino que costuma estar lá sempre mais um cão que tem um cesto na boca, eu como sou mesmo vulnerável a estas coisas pedi ao meu padrasto para ajudar, o meu padrasto foi ter com o menino e disse «- É assim dinheiro não te dou, mas se quiseres posso te ir comprar uma bifana e um sumo, queres?» deviam ver só a cara do menino, um olhar que ninguém consegue explicar, estão a ver aquela felicidade quando ganhamos um presente de natal que queriamos muito, pois o olhar era idêntico, demos-lhe a tal bifana e o sumo e virámos costas, mas eu voltei-me para trás e deparei-me com uma situação mesmo de meter dó, o pai do menino tirou-lhe a bifana e o sumo e apontou-lhe uma navalha ao pescoço e disse que ele não estava ali para ganhar comida das pessoas mas sim dinheiro, o meu padrasto queria voltar atrás para ir ter uma conversa com esse senhor, mas nós não deixámos porque o homem estava armado. Seria o meu padrasto tão solidário ao ponto de levar uma facada de um homem desprezível?

3ª Situação: Esta aconteceu em Fátima, por de trás do Santuário de Fátima, ao pé do local onde dizem que Nossa Senhora de Fátima apareceu aos pastorinhos, estava um homem com uma bébe recém-nascida encostado a uma parede, simplesmente pedia comida, leite para a menina, eu (teria perto de uns 10 anos) pus-me a chorar e pedi à minha mãe 50 escudos para ajudar pelo menos (sim ainda havia os escudos), a minha mãe respondeu-me «- Não sei se tenho mas pede ali ao teu padrasto!» e eu fui-lhe pedir, ao qual ele me retribuiu friamente «- Não dou nada a esses gatunos, só pensam em dinheiro e não querem fazer nada da vida!». Eu chorei mais uma vez e fui ter com a minha mãe «- Mãe, ele tem uma menina bébe, por favor, vê se não tens aí uma moeda» (soluçando). depois de tanto remecher, ela encontrou uma moeda de 50 escudos e eu fui entregar ao homem, estou-me arrepiar todo neste momento, pois vocês não imaginam a cara daquele homem, a felicidade por apenas 50 escudos (esses 50 escudos que eui teria gasto numa máquina a tirar bolas). Ele agradeceu-me e disse que eu era um rapaz muito bondoso e que iria ter uma personalidade muito boa, que iria sempre querer ajudar os outros. Agora vocês perguntam então e o meu padrasto? Pois fiquem a saber que poucos metros depois ele caiu com a minha irmã bébe ao colo, coincidência? Talvez, eu acreditei que era mais um teste, ao qual ele não passou.

E deixem que vos diga, pode ser verdade que muitos não querem trabalhar, mas façamos uma reflexão, será que um sem abrigo consegue arranjar um trabalho nos dias de hoje? Em que a imagem é o fundamental? E em que se liga a todo o estrato social? Ficam aqui estas perguntas para vocês.

Beijos e Abraços

Sejam Felizes.

Saibam escolher os vossos caminhos.

P.S: No próximo post contarei então o que se sucedeu na noite anterior.

Tiago Marques